22.4.13

na berma das falésias


agora que os contornos do tempo
se desfizeram nas silhuetas da vida
questiono-me
sobre o destino
da inocência
lúgubre
sobre a candura que se esfumou
do teu olhar
à razão de uma sombra acrescentada
num retrato a carvão
vivo imóvel inacabado

apelo à hipótese de um esfuminho
nas mãos sábias de um alquimista da luz
para devolver ao negro dos teus olhos
o brilho de princesa prometida
à primavera

a derramar sorrisos
na berma das falésias

Rosário Alves

2 comentários:

Virgínia do Carmo disse...

Num poema até a desilusão pode ser doce e bela. E tu sabes isso como ninguém.

Um enorme beijinho, Rosarinho

Manuel Veiga disse...

gostei muito do poema. de uma beleza depurada e vibrante.

como quem "derrama sorrisos na berma das falésias"

beijo