é noite noite noite
por mais que o sol grite
um dia luminoso
eu hei-de cerrar os olhos
à força de não ouvirbater o coração
este abril é uma noite escura
que nos escorre pelos dedos
a devorar-lhes a cor
que havia de ser cravo
inúteis manhãs claras
sem madrugadas a cantar
inúteis asas de ave
que já não sabe voar
não haverá outro dia como este
nem outra noite como esta
porque os dias e as noites
são agora sempre iguais
alterem-se as rotas aos sonhos
para as noites intermináveis
de oclusão
Rosário Alves
1 comentário:
"até na noite mais negra/em tempo de servidão/ há sempre alguém que resiste/há sempre alguém que diz não..."
gostei do poema.
beijos
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