25.4.13

este abril é uma noite escura



é noite noite noite
por mais que o sol grite
um dia luminoso
eu hei-de cerrar os olhos
à força de não ouvir
bater o coração

este abril é uma noite escura
que nos escorre pelos dedos
a devorar-lhes a cor
que havia de ser cravo

inúteis manhãs claras
sem madrugadas a cantar
inúteis asas de ave
que já não sabe voar

não haverá outro dia como este
nem outra noite como esta
porque os dias e as noites
são agora sempre iguais

alterem-se as rotas aos sonhos
para as noites intermináveis
de oclusão

Rosário Alves


1 comentário:

Manuel Veiga disse...

"até na noite mais negra/em tempo de servidão/ há sempre alguém que resiste/há sempre alguém que diz não..."

gostei do poema.

beijos