1.5.13

a eclosão das manhãs


houve uma noite
em que todas as manhãs eclodiram

a lua dançou as quatro fases
o mar subiu e desceu um peito arfante de marés
as árvores despiram-se vestiram-se e floriram
e a terra rodopiou pelo tempo inexistente

e eu
não saí do meu lugar
recolhida encolhida numa concha
sem saída
reclinei-me na janela das ilusões
a ver passar os sonhos
como se fossem rebanhos em transumância

e
se agora digo que houve uma noite
é para não ter de contar
as noites todas
até aqui

Rosário  Ferreira Alves

4 comentários:

Manuel Veiga disse...

belo e esperançoso poema - para além da noite...

beijo

tb disse...

há um renascer nas palavras ditas. :)
Muito bonito. beijinho.

Mar Arável disse...

Amanhã será um novo dia

Mel de Carvalho disse...

amiga minha, saudades de te ler...
saudades de te dar um abraço.

beijos meus
Mel