que sabes tu das cidades que me nascem
na ponta dos dedos?
que sabes dos arranha-céus que me
entaipam os olhos e dos mantos
de fumo negro que à noite me vêm
cobrir os sonhos?
alamedas inteiras onde desfilam
máscaras de oxigénio
e tu a quereres uma árvore de onde me
possas ver passar
e tu a desenhares janelas no ar que não
respiras
e a quereres-me dentro delas
deixa à porta desse caminho por onde
também irás partir
a ordenação das pátrias e os
desígnios da salvação
que a minha ausência de verde já me
tatuou o coração
com as fábricas do não querer saber
até quando
vou ficar nesta forma imperfeita
de
rasgar o tempo com os olhos
Rosário Alves
5 comentários:
Sabes procurar a sublimação com a forma imperfeita das palavras. E ainda que nada mais soubesses, isso bastaria para que fosses inteira.
Beijo enorme, de amizade e admiração.
por vezes, amiga, temos a justa percepção de que quem nos está mais próximo não sabe nada de nós e que, em certos instantes, nem nós mesmos sabemos "das cidades que (nos) nascem na ponta dos dedos"...
sei apenas que ler-te e ter-te por perto, chamar-te de amiga, é um previlégio meu.
tão belo este poema, Rosarinho
Beijo
Mel
Rosarinho
um enorme abraço e os meus votos de que 2013 te traga (e nos traga a todos), muita paz e harmonia.
Beijo com carinho
Mel
Já li tantas vezes este teu poema, Rosarinho, e vou embora sempre com a sensação de ser incapaz de dizer o que gostaria.
Olho-te nos olhos, por dentro de cada palavra e respiro o poema como uma brisa suave que te nasce dos dedos.
Obrigada! Obrigada sempre...
Um beijinho grande e um bom ano para ti e todos os teus.
Poucos sabem das cidades que nos nascem nas pontas dos dedos, amiga.
Gostei muito.
Beijinho.
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