30.9.12

amanhã


o silêncio será devolvido às árvores

a pretexto da desordem das mãos
dos nós que se acumulam nos dedos
à passagem das linhas pelas palmas

amanhã um ventre de terra
será útero molhado outra vez
e a nomeada guardiã do silêncio
tomará a forma de vulto invisível
a desejar-se esquecida
inesperada
apagada dos olhos que a viram
entre névoas de dor e de sal

amanhã o silêncio será devolvido
ao frio das pedras
e o toque sereno das manhãs
à quentura da pele

amanhã

Rosário Alves

2 comentários:

Virgínia do Carmo disse...

Amanhã de manhã abriremos a janela a tudo o que vier por bem.

Beijo enorme como o teu poema.

Mª João C.Martins disse...

Um poema de toada triste. Como quem espera, do lado de dentro da solidão, que o dia que traz nas mãos nasça de novo e reponha o sol no sítio certo.

Lindo!!

Um beijinho grande, muito grande mesmo.