o silêncio será devolvido às árvores
a pretexto da desordem das mãos
dos nós que se acumulam nos dedos
à passagem das linhas pelas palmas
amanhã um ventre de terra
será útero molhado outra vez
e a nomeada guardiã do silêncio
tomará a forma de vulto invisível
a desejar-se esquecida
inesperada
apagada dos olhos que a viram
entre névoas de dor e de sal
amanhã o silêncio será devolvido
ao frio das pedras
e o toque sereno das manhãs
à quentura da pele
amanhã
Rosário Alves
2 comentários:
Amanhã de manhã abriremos a janela a tudo o que vier por bem.
Beijo enorme como o teu poema.
Um poema de toada triste. Como quem espera, do lado de dentro da solidão, que o dia que traz nas mãos nasça de novo e reponha o sol no sítio certo.
Lindo!!
Um beijinho grande, muito grande mesmo.
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