5.6.15

não foi este o tempo que pedi


bastava-me uma réstia de sol
na ombreira de uma porta habitada
um pouco de mar calmo e
compassivo
e um sopro respirável à luz
de um instante de sossego

não era mais deste sal a escorrer
da nascente onde a água se quer doce
e a corroer as pedras angulares
com que havia de reconstruir as margens
do sonho antes da ruína
do sonho antes da partida

se era para ficar
que houvesse um outro caminho
alto amplo e luminoso
por onde pudesse planar na contemplação
da vida a acontecer

mas se é para ser assim raso o caminho tão raso
que se engrandeça o coração
para lá guardar as asas a esperança
e a paz


Rosário Ferreira Alves
[Maio 2015]

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