6.7.13

a corda bamba da tua voz



dia após dia
a noite
a equilibrar-se na corda bamba
da tua voz
-
nas mãos transportas as candeias
que me pendem do olhar

eis um tempo esquartilhado
com a fundura de uma dor cavada
em túneis sob a pele
-
debruado com as tuas raízes de árvore
e ramos maculados de sal

o ar
não te tem sido de fácil digestão
-
ao tempo de inspirar
as pálpebras caem
com estrondo sobre o rosto

e não há lugar sob as unhas
para guardar os sóis de outras primaveras

depois que a rede me seja cama
aguardo-te
do outro lado da corda


Rosário Alves

2 comentários:

Mel de Carvalho disse...

minha amiga,

ocorre-me a pergunta: porque tão escassa publicação de quem tem um poesia pungente, rara de conteúdo e imagem? belíssima!

beijo
Mel

Mar Arável disse...

Aguardo-a na minha escarpa