servimo-nos de abrigos inventados
ao som da passagem
das nuvens
pelo rasto dos passos que não demos
e
trazemos nos olhos um soluço
silenciado à luz do arrepio
que nos percorre
os dentes
na hora de morder a vida
olhas a calçada irregular
do lado de dentro
da alma
e
o gato preto atravessa-a
como a uma casa sua
secreta
-visitada por pássaros pequenos
e folhas cansadas das árvores-
regular na sua passada
ontem partiu-se
o espelho por onde te espreitavas
a alma
ontem havia
uma chaminé de tijolo ocre
por onde se esfumavam os estilhaços
irregulares
de uma dor sem som
hoje irás segurar
os vidros desencontrados
de ontem
ensanguentar as mãos nuas
eivadas e inúteis
e percorrer com eles todas as calçadas
que marcaste com o olhar
Rosário Ferreira Alves
5 comentários:
ir ao fundo... e voltar!
até que os dedos sejam flores orvalhadas...
belíssimo.
gostei muito.
beijo
Até que as sombras se rebentem
Bj
Rosário,
Gostei, deveras, do poema. De tal forma que me serviu de inspiração para um pequeno texto.
Obrigado.
Beijo :)
O espelho que representa a realidade de forma invertida... Multifacetadas imagens, quando partido.
Belo poema
Um beijo
Gostei muito!
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