7.12.14



nas unhas a terra
dos carreiros rasgados
a medo
e no peito restos de
pássaros embalsamados

mostro-te a minha dor para que não tropeces
nos meus passos
mostro-te a minha dor para que não me caias
no lugar da paixão

não te peço que fiques
nem te peço que vás
mas sei

somos nós o fruto que havemos de colher
somos nós a luz que sonhamos acender

que nenhuma angústia nos devolve a claridade
de uma noite sem luar

e as perguntas hão de arder nos incêndios que inventamos
para derreter o frio

e é sujo escasso e escuro o caminho gelado da incerteza quando
estamos sós

até

que nos habituamos a estar sós

mas não te digo




Rosário Ferreira Alves

1 comentário:

Anónimo disse...

Vejo!