vê
nas unhas a terra
dos carreiros rasgados
a medo
e no peito restos de
pássaros embalsamados
vê
mostro-te a minha dor para que não
tropeces
nos meus passos
mostro-te a minha dor para que não me
caias
no lugar da paixão
não te peço que fiques
nem te peço que vás
mas sei
somos nós o fruto que havemos de
colher
somos nós a luz que sonhamos acender
que nenhuma angústia nos devolve a
claridade
de uma noite sem luar
e as perguntas hão de arder nos
incêndios que inventamos
para derreter o frio
e é sujo escasso e escuro o caminho
gelado da incerteza quando
estamos sós
até
que nos habituamos a estar sós
mas não te digo
vê
Rosário Ferreira Alves
1 comentário:
Vejo!
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