em cada mão o desenho lento
das partidas
duas
porque parto assim que chego e
depois
só não parto
se nos teus olhos as minhas mãos
fico
só não parto se nas tuas mãos
os meus dedos impedidos
de seguir as rotas remendadas
ontem
só não parto
se no fundo da tua voz algum trémulo
silêncio
aflorar nos teus lábios uma linha
hesitante de
palavras por dizer
a quente
hoje
se no frio da despedida um instante
nada
se algum intenso nada me travar o pé
na beira da cama
morna
da manhã
amanhã
em cada mão o desenho súbito
das chegadas
antes
do tempo
Rosário Ferreira Alves
2 comentários:
o marulhar das ondas em teu poema. e o ritmo...
entre partir e chegar - o instante que é tudo.
muito belo
beijo
Entre a partida e a chegada, apenas a nitidez do poema. Excelente.
Um beijo, minha amiga e desejos de um bom Natal.
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